Episódio 5: Como o Data Center Me Preparou Para Qualquer Missão

Trabalhar em um data center não é apenas sobre máquinas, energia e refrigeração. É também e principalmente sobre postura, mentalidade e responsabilidade. Os desafios que enfrentei nesse ambiente me prepararam não apenas para actuar com excelência na infraestrutura crítica, mas também para qualquer outro sector que exige atenção aos detalhes, agilidade, trabalho em equipe e pensamento estratégico.

Hoje quero compartilhar como essa experiência moldou meu perfil profissional e como pode moldar o de qualquer pessoa disposta a encarar essa jornada.

Decisões sob pressão

Uma das primeiras lições que o data center me ensinou foi:

"Nem sempre há tempo para pensar. Mas sempre há tempo para estar preparado."

Em diversos momentos, precisei tomar decisões em minutos ou segundos sabendo que qualquer erro poderia criar uma paragem nos sistemas essenciais, perda de dados, ou impacto directo nos serviços de milhares de pessoas.

Isso me treinou a:

  • Focar no que importa rapidamente
  • Agir com precisão, mesmo sob pressão
  • Confiar nos dados e na experiência acumulada

Aprender para ensinar (a responsabilidade de compartilhar conhecimento)

Um dos papéis mais importantes que assumi foi o de capacitar outros profissionais da equipe. Porque, no ambiente crítico como o de um data center, o conhecimento precisa circular, e nunca ficar preso a uma só pessoa. 

Tivemos diversas sessões de treinamento, tanto com parceiros externos quanto de forma interna ou entre departamentos técnicos. E em algumas das sessões, fui responsável por conduzir conteúdos técnicos para meus colegas.

Alguns dos treinamentos que ministrei:

  • Sistemas de detecção e alarme de incêndio: explicando as diferenças entre sistemas convencionais, endereçáveis, inteligentes e sem fio (wireless); os detectores de fumaça,pontuais, de barreira e por aspiração.
  • Infraestrutura eléctrica e cabeamento: detalhando os tipos de cabos usados para corrente contínua e alternada, a escolha das secções de condutores, os tipos de disjuntores (MCB, MCCB, ACB) e suas aplicações específicas, assim como a estrutura de alimentação do data center e todos os componentes envolvidos nela, incluindo a ideia da redundância.
  • Fibra óptica: estrutura, manipulação, cuidados, testes de continuidade.
  • Operações e rotina do data center: guiando os novos colegas na compreensão dos processos, tarefas por turno e práticas fundamentais de monitoramento e resposta.

Também participei de treinamentos operacionais de segurança, como o uso correcto de extintores, protocolos de evacuação e acções em casos de incêndio, sempre focando na prevenção e prontidão total.

Compartilhar conhecimento virou parte da minha rotina, porque uma equipe bem preparada é a primeira camada de segurança em qualquer operação crítica. Em ambientes de missão crítica, não há espaço para vaidade ou competição interna. Quando há uma falha, todos trabalham juntos, engenheiros, segurança, limpeza, cada um com seu papel vital.

Essa cultura de cooperação foi reforçada cada vez mais durante os treinamentos, reuniões operacionais e trocas constantes entre turnos. O que um sabia, ensinava. O que um notava, registrava.

Ao lidar com sistemas complexos, desde circuitos eléctricos até sensores ambientais e fluxos de rede, desenvolvi um pensamento analítico refinado, e o compromisso de ensinar isso aos outros me ajudou a consolidar ainda mais esse conhecimento.

Carreira além da técnica: o mindset que permanece

Depois de trabalhar nesse tipo de ambiente, saí com um perfil muito mais preparado para qualquer missão:

  • Sei priorizar sob pressão;
  • Me comunico com clareza mesmo em situações de crise;
  • Tenho compromisso com a qualidade;
  • Me adapto rapidamente e aprendo com erros;
  • E acima de tudo: compartilho o que sei para que a equipe cresça.

Conclusão

Mais do que um emprego, o data center foi uma escola de postura, disciplina, liderança e generosidade técnica. E se hoje me sinto capaz de assumir missões maiores, é porque ali dentro aprendi o peso e o valor de sustentar o que ninguém pode ver falhar e de preparar os outros para fazer o mesmo.

"Se você está a começar nesta área ou quer crescer nela, lembre-se: a técnica se aprende. Mas a postura, a entrega e a vontade de capacitar os outros, é o que constrói legado."


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